quarta-feira, agosto 31, 2011

Fatos & Fotos Antigas Parte VIII

PARTE VIII

1 . QUEM NÃO É DO PALADINO É CONTRA O PALADINO


Houve um cidadão em Santa Rosa, vamos tratá-lo por seu Zifa, que em determinada oportunidade inventou o refrão "QUEM NÃO É DO PALADINO É CONTRA O PALADINO."

A origem teria sido num jogo entre Oriental de Três de Maio e o seu clube, na cidade vizinha.

Conta-se que, segundo o seu entender, nesse amistoso, o juiz estaria atuando, tendenciosamente, prejudicando o seu time. Como na época os campos não eram fechados, ficando o publico separado dos atletas apenas pelos corrimões, adentrou o gramado e dirigiu-se ao juiz, ostensivamente, dando o brado:

– Quem não é do Paladino é contra o Paladino!

O juiz, logicamente, providenciou para que fosse retirado de campo.

Entretanto o refrão ecoou pela cidade, consagrando-se junto aos torcedores.

Mais uma...

O nosso personagem, não sendo da terra, tinha por habito assar um churrasquinho, nos domingos. Conta um neto seu que sempre o ajudava nessa lida, ter perguntado uma vez: - Vovô! Quanto tempo leva para que o churrasco esteja pronto?

A oque o avô respondeu, já sorvendo uma caipirinha:

–Quando eu terminar toda a Invencível (cachaça fabricada na cidade).

Dizo neto que o avô se passava do ponto, às vezes, deixando a carne queimar, ia dormir não participando do almoço!



2 . NEY SILVA



De 1951 a 1960 veio trabalhar em Santa Rosa, como integrante dos quadros da Policia Civil, cuja Delegacia ficava nos fundos da Prefeitura Municipal, junto à Avenida RioBranco, um cidadão, muito distinto, jovem, que tinha o nome de Ney Silva.

Constava, mas não se sabia ao certo, que jogara no Esportivo de Bento Gonçalves.

Estreou, como ponta esquerda no Paladino e revelou-se um dos jogadores mais completos que a cidade já vira.

Foi transferido para Pelotas e lá atuou, na mesma posição, pelo Farroupilha, integrando o time que conseguiu ser vice-campeão estadual, em 1959, formando num ataque dos mais efetivos do futebol gaúcho.


3 . REFUGIADOPOLÍTICO




Como o Kolecza nos revelou, tivemos em Santa Rosa, um refugiado político, que jogou, com destaque no Paladino. Seu nome ALBERTOSAMANIEGO. Conhecido pela alcunha de Paraguaio. Apareceu em Santa Rosa na década de 40, foragido.

Havia-se envolvido numa encrenca política, cabeluda. Num golpe de estado sob as ordens de ALFREDO STROSSNER, amigo de infância na cidade de Encarnacion e foi seu Tenente na Guerra do Chaco (contra a Bolívia).

Quando Strossner tomou o poder em 1955, mandou chamá-lo e deu-lhe o posto de Primeiro Sargento.

Coma família se foi para lá, mas deu-se mal.

A disciplina era rigorosa demais para quem já gostava de uns tragos a mais.

Voltou para os pinceis e broxas, em Santa Rosa.


4 . O ZAGUEIRO DO MENGÃO

Quando o Cap. Teté esteve como treinador do Nacional Futebol Clube da Chácara das Camélias, em Porto Alegre, foi providenciada a vinda de vários jogadores do Flamengo, dentre esses CLAUDIO que acompanhou craques que depois foram destaque no Inter, como Florindo, Luizinho e Bodinho.

Atuou no Nacional – o ferrinho – transferiu-se para Santa Maria e integrou o Interzinho.

Tempos epois, já como funcionário dos Correios e Telégrafos, foi-lhe arrumada colocação em Santa Rosa, para jogar no Paladino, o que fez com muito destaque.

Era um jogador alto, delgado, excelente zagueiro, tendo igual desempenho como centro avante, graças a sua habilidade e altura.

5 . MARÇAL


No início dos anos 50, o Internacional de São Borja era dos clubes com maior destaque no interior do Estado. Atuava em seu gramado que levava o nome do eterno presidente Cel. Serafim Dorneles Vargas.
A linha média do time, famosa, era composta por Centurião, Marçal e Toco. O primeiro, com certeza e o segundo, talvez, Sargento do Exército.
Marçal, foi diagnosticado com tuberculose e assim, reformado, não mais podendo jogar sob os olhos de seu, duplamente, chefe. Veio para Santa Rosa e atuou, sem problemas, no Aliança, justamente na arrancada do seu Berta para a formação de um grande time.


6 . SEM FICHA NA FEDERAÇÃO


A família Araujo, sempre esteve envolvida com o Juventus.
Há um, CEOBIS JOSÉ ARAUJO, que, tendo vindo muito jovem, para estudar em Porto Alegre e por estar o Juventus licenciado não teve ocasião de nele atuar. O Alemão figurou, ao menos, como mascote.

Em Porto Alegre exibia-se no time do aterro, atual Parque Marinha do Brasil, onde, arrancando pela esquerda dizia: – lá vai Lumumba!
Jogou por vários times de futebol de salão, dos quais muito se orgulha.
Juntamente, com Beiço, Aramís e Neto dentre outros, diz ter feito parte da melhor equipe de Futsal nos anos 60.
Sendo oficial R/2 em estagio, atuou no Alvorada integrado por subalternos seus.

Mesmo não tendo “ficha” na Federação, conta, dentre suas façanhas no futebol: ter feito parte do Big Boys, time de férias dos estudantes da cidade, atuando inclusive no gol.
J ogavam por cervejas.
Tal ocorreu, por exemplo, em Panambi, onde foram recebidos pelo conterrâneo Ivar Ruzzarin.

7 . HOLOFOTES

A convite de Alceu Malman, então oficial distrital, foram disputar nos penaltis o resultado de uma competição, em Dr. Mauricio Cardoso. Diz que já havia anoitecido e os holofotes de dois fucas, serviram para clarear a goleira, a fim de possibilitar a decisão por penalidade máxima!
A historia é confirmada por Mauro Schneider que diz nela ter atuado e, inclusive cobrado penalti.

8 . GRÊMIO SANTO ANGELENSE E PALADINO

Em determinada época, veio para Santa Rosa, a fim de atender numa loja de móveis, Wilmar Miron, conhecido como Miron II atleta do Grêmio de Santo Ângelo, que começou a jogar no Paladino. Mais tarde, chegou Waldemar, o Miron III, - seu irmão - que era goleiro e, nessa posição, atuou, aqui.
A vinda deles aproximou os dois clubes, que passaram a disputar partidas memoráveis, lá cá. Numa melhor de três cada time ganhou uma, em casa.


9 . GRÊMIO SANTO ANGELENSE E PALADINO

Graças aos resultados de duas partidas, uma em Santa Rosa e outra em Santo Ângelo, espectivamente, Grêmio e Paladino, fariam em Santa Rosa, uma decisiva da melhor de três.
Dada à importância da decisão o Paladino resolveu, se concentrar, num Hotel da cidade.
Noly Joner, o ídolo do time, não teve uma atuação de acordo com suas aptidões.
Para justificar o ocorrido, espalhou-se que Noly, em ótima companhia, passara a noite, na suíte presidencial.

10 . COM LARANJINHA NA MÃO

Chegou a Santa Rosa, para comandar o destacamento da Brigada Militar, o Major HELIO CHAVES LOPES que mantinha vínculos com um estabelecimento de ensino de Soledade. Integrou-se ao Machado de Assis.
Foi programado em encontro entre as duas instituições, para disputas de algumas modalidades esportivas.
No segundo tempo do jogo de futebol, entrou substituindo alguém, pela ponta direita, um atleta do Juventus.
Na ocasião não havia alambrado, apenas corrimões. No setor da sua posição passava sua noiva, com uma garrafinha de laranjinha do Gaviraghi
Ao atleta alcançou o refrigerante.
Tendo a bola na sua frente o jogador, com a garrafinha na mão, mesmo assim, chutou em direção à meta e marcou o gol. Pode!!!



sábado, agosto 27, 2011

Destaques


Iniciamos, hoje, uma nova coluna destinada a contar a vida esportiva de conterrâneos nossos que se destacaram no Brasil e no mundo. Como, no programa dominical O FANTASTICO, quem faz dois gols tem direito a pedir a música, Wilson Codinotti, nos relatou a vida futebolística de seus dois irmãos ALMA DE GATO e JAIME. Por esse motivo, num gesto de gratidão contamos, também, a sua própria historia
1 . WILSON CODINOTTI

Trabalhou com João Macluff no Banco do Estado recebendo 80,00 reais e sua atividade era carimbar papéis. Pintou como jogador de futebol.
Jovem jogou no Paladino, quando o técnico era Orestes Andretta. Aos 16 anos, como voluntário, incorporou ao Exército. Quando incorporado foi emitida uma portaria pelo Ministro da Guerra proibindo a participação de militares em clubes civis, que vigorou de março de 45 até abril/maio de 49.
Durante 4 anos não pode praticamente praticar o futebol e acabou “perdendo o ritmo de jogo
Jogou no Duque de Caxias um time de militares fundado pelo Major Waldir, no Ipiranga e no Paladino, onde foi inclusive treinador.
No Duque excursionavam à Argentina, principalmente a Oberá a 9 de Julho data da Independência daquele país.
Recorda que numa dessas viagens jogou de centro-avante e pela ponta esquerda o Subtenente Lima. Dari Sim era o goleiro. Na equipe local atuava um centro médio que era reserva da seleção argentina. No final do jogo, Wilson fez um lançamento para o ponteiro esquerdo Lima. Este chutou forte marcando o gol. As redes eram de arame. Pela violência do chute a bola voltou até a área. Receberam medalhas e recebeu Wilson o reconhecimento de “condutiere”.
Quando no Paladino ao jogadores se cotizaram para adquirirem um jogo de redes na Casa Esporte, em Porto Alegre. Lembra que seu técnico, Sargento Schulz, no Duque de Caxias, de quando em quando bradava:
Ave Zacharias.....

Memórias

SANTA ROSA - A BAIXADA DO PESSEGUEIRO

João Jayme Araujo
jjgaucho23@hotmail.com

Por intermédio de um amigo – Prof. Atanagildo - recebo uma foto, de um local terraplanado onde fora campo de futebol, velho reduto do Mato do Líbano, depois apelidado de CAMPO DA BAIXADA, talvez com inspiração da velho Fortim Tricolor do Grêmio Porto Alegrense, na atual rua Mostardeiro e onde funciona hoje o Grupo Escolar Uruguai.

Ontem: A velha Baixada, ao fundo o pórtico, de madeira (como todo estádio), com as bandeiras em domingo de jogo.

Hoje: o terreno da antiga Baixada ao lado do Rio Pessegueiro, sendo aterrado para instalação de uma fábrica.

Deixemos elucubrações de lado e fixemo-nos no velho CAMPO DO PESSEGUEIRO.

Assisti ai, defesas monumentais de goleiros como ARI, do Paladino que tinha a peculiaridade de em vez de encaixar um chute forte, responder com um soco com as duas mãos fechadas, para a frente, na bola, como a dizer ao atacante: - Chuta de novo.

O Guaiquíca, vindo de Santo Ângelo, arqueiro espetáculo que, para ganhar a vida instalou-se com Sapataria em uma das dependências que serviram para hospedagem no velho Hotel Joner, já desativado.

O Neter, surgido no Ipiranga, jogava de fardamento branco e era louco por ser o protagonista da pugna.

O Julio Andrade longevo, sóbrio, mas bom arqueiro.

O Paulo Araujo que imitando Sergio Moacir Torres, guarda-valas do Grêmio, saia um pouco paro o lado para ia ao encontro da bola, fazendo a chamada ponte,

Mas o melhor de todos? – Sabiá. Humilde, quietão, jogando como se estivesse pescando ou pintando paredes..

Dos zagueiros, direito, central ou de espera, destacaram-se, dando balão para o lado do qual a bola vinha, Hilário Zenni e Jacob Louco.

A zaga mais consistente no Paladino e no Aliança, foi dos irmãos Decio e Nique.

Como laterais direito, dignos de menção pelo arrojo, coragem e mordendo todas Pinga e Napoleão.

Na meia-cancha vem-me a lembrança o Prof. Albino e Careca, ambos center halfs do Juventus.

E no ataque muitos destaques, despontando como “primus inter pares”, Penicilina que iniciou como Fritz num campinho de várzea e aqui só ficou por fazer ouvidos de mercador ignorando o canto de sereia que sempre chegava aos seus ouvidos.

Alguns outros que lhe seguiram como Heitor Lotario Saffi seu primeiro meia- direita.

Decinho dos maiores dribladores e jogando sempre para a frente, em direção ao gol adversário.

Alceu Mallmann que despontou como craque no Renner, o Papão de 1954.

Charkes e Noly Joner. Charles destacado ponta-direita e depois como centroavante, com rara velocidade e senso de oportunismo.

Noly, conhecido e reconhecido como o homem da virada, o que fazia com perfeição, seguindo o exemplo que Luiz Carvalho do Grêmio que imortalizou essa jogada.

Pela ponta esquerda Koplin o homem do chute mais forte que a memória me traz, tal como o fazia Jair da Rosa Pinto no Vasco e na seleção brasileira.

O mais técnico, craque é, para mim o Plínio Tonel.

A SELEÇÃO DA MEMORIA: Sabiá, Decio e Nique. Napoleão, Careca e Pinga. Lotario Saffi, Decinho, Penicilina, (Charles), Alceu (Noly) e Plínio(Koplin).



domingo, agosto 21, 2011

Fatos & Fotos Antigas - Parte VII

Estamos na Parte VII de Fatos & Fotos Antigas, numa série de dez historinhas por parte. Sempre com a colaboração de Jayme Araújo, vamos publicando, como ele mesmo diz, historinhas plena de feitos jocosos e que lembram felizes tempos de juventude. Um abraço Jayme. Temos mais...

1 - JOÃO RIGON



Importante figura da sociedade santa-rosense, tinha como um de seus hobbies ser radioamador. Para as transmissões externas da Rádio Sulina, contávamos com linhas para os clubes sociais da cidade, Cultural e Concórdia e para o palco do Cine Odeon.

Quando era difícil estender fios, via poste, servia-nos com o seu ”potente” transmissor.
Por ocasião da inauguração do Estádio Carlos Denardin, no jogo seleção local versus Grêmio, o narrador da rádio Gaucha, Sérgio Morais, teve de pedir para que a potência fosse reduzida, pois, pela propagação do som, sua emissora não estava conseguindo conectar com Porto Alegre e a transmissão, não poderia ser realizada ou seria prejudicada.


2 – ERNANI KOTLINSKI



Ernani Kotlinski, foi um dos zagueiros que jogaram por mais tempo no Paladino. Seus pais moravam em Sobradinho, ele estudava em Porto Alegre e consta que fazia parte da equipe juvenil do Grêmio. Vindo de férias a Santa Rosa, onde morava sua avó e primos arrumaram um jogo contra o Operário, para que este demonstrasse as suas decantadas virtudes. Ainda no inicio do jogo – NANINHO - meteu-se numa confusão com ERASMO, foi expulso e sua avó só faltou mandá-lo de volta à origem.

Gremista fanático de ir a treinos, depois de uns tempos aqui, onde nasceram seus filhos, voltou a Porto Alegre. Assistindo a um jogo do Grêmio, sofreu um enfarto morrendo ali mesmo, nas sociais, como, certamente, seria seu desejo.
Sua mulher ANÍ, lamentava: Acabou junto ao amor que devotava ao clube, passando-me para trás.

3 – PARAGUAIOS


Sendo Alberto Samaniego o centro-avante do Paladino e como se disputassem partidas históricas e ferrenhas contra o Grêmio de Santo Ângelo, sucessivamente, Léo Samaniego, irmão do Paraguaio e alguém conhecido pelo apelido de Chaquenho, bem como Ramires foram importados de Encarnacion.
Um, centro-médio clássico e brigador, o outro, um meia-direita dos bons, vindo, na mesa ma oportunidade, Ramires, o homem do sem-pulo.
Como o Paladino ficasse mais forte, os “paraguaios” quiseram homenagear seu presidente Waldemar Zenni, publicando no jornal a Serra, um poema como se tivesse sido feito por eles.
Descobriu-se, muito depois, não sei se até o presidente o sabe que fora, nada mais, nada menos, do que a letra do hino do Cerro Portenho:

“ Arriba la muchachada y la hinchada del Gran CiclónQue defiendo los colores (rojo y blanco) - Azul y Grana por Tradición
(WALDEMAR)Irala el Gran Presidente que con su ejemplo asi enseño.
(Paladino ......)
Cerro, Cerro, Cerro, Siempre, Cerro TriunfaráCerro, Cerro, Cerro, Siempre, Cerro Tu Papá.
(Paladino)
Cerro Porteño, el Club del Pueblo.Cerro Querido para ti Gloria InmortalPor tu entereza y tu grandeza, eres el alma, el alma misma del Guara.

Somos Felices, cantando a Coro(Paladino) Cerro Querido para ti mi CorazónPor eso siempre defenderemosEl bello emblema (rojo y blanco) azul y grana del Ciclón.


Paraguaio ficou por aqui, indo, tempo depois para São Gabriel. Léo, após uma passagem pelo Gremio de Santo Ângelo jogou no Cruzeiro de Porto Alegre. Chaquenho atuou pelo São José,também da capital e junto com Ramires, no Aliança.


4 – PALADINO X OURO VERDE

Certa feita o Paladino foi a Palmeira das Missões, jogar com o Ouro Verde. Como o time estivesse na ponta dos cascos, não foi difícil à Rádio Sulina conseguir patrocínio para que o jogo fosse gravado com divulgação para o dia seguinte à chegada em Santa Rosa. Por curiosidade de João Carlos Bircke, tentou-se ouvir a gravação. Qual não foi a nossa surpresa aos descobrirmos que o trabalho era praticamente impossível de se escutar. Não havia aumento de volume que resolvesse.
A solução: Bircke ouvia a narração quase em “off”, falava ao narrador que então com sua voz característica fez com que a partida fosse ressuscitada. Trabalho que se foi pela madrugada adentro e contou com o valioso auxilio de Paulo Regis.
Expectativa pela audiência – tal qual a dos vídeos- tapes – era enorme. Graças à curiosidade e o destemor dos radialistas, a gravação foi mandada ao ar, com grande sucesso. O resultado da partida? Deixa pra lá! Hoje que importância tem!


5 – CELEIRO DE CRAQUES




Alguns atletas, como Penicilina, Lothar, Jayme e Paulo, ensaiaram seus primeiros passos, no futebol, num campinho que havia ao lado da Igreja Luterana, quase na esquina da Avenida Santa Cruz, com a rua Cruz Alta, hoje Fernando Ferrari.
Com o passar dos tempos dois deles foram parar no Juventus, um, no Aliança, Penicilina e, outro, Lotário, no Paladino.
Quando se encontraram pela primeira vez, por seus times – Jayme e Lotario, – a um faltava experiência e o outro era metido a malandro.
Driblou o zagueiro varias vezes, junto ao canto do escanteio. Sofreu, como pena, ser sacado de campo, pelo seu treinador.
Depois desse episódio, o centro avante jamais ganhou uma jogada que fosse, quando marcado por esse zagueiro.


6 – ESTOUROU NO BOLSO DO PRESIDENTE




O carnê do campeonato marcava para determinado domingo o clássico Juventus e Paladino.
Coincidentemente na mesma data foram realizadas provas de um concurso para o Banco do Brasil, em Santo Ângelo.
Lá foram submeter-se à seleção Nique, do Paladino e Paulinho, Bircke e Jayme do Juventus.
A prova terminou pelo meio-dia e se esperava que todos os atletas regressassem no “Dodjão” do Sr. CARLOS DENARDIN, presidente do Paladino.
Para impedir ou dificultar a volta dos atletas do Juventus o Dodge já veio lotado de lá, com Lothar e outros, para impedir a carona.
Os jogadores do Juventus, serviram-se de um táxi cuja conta foi estourar, logicamente, no bolso do presidente ELIBIO FREDRICH. Mas chegaram a tempo.



7 – OS CRAQUES PORTOALEGRENSES



Como se pode ver em algumas fotos, fazia parte do Juventus os jogadores PAULINHO, ANTONIO LEUTCHUCK e CARLOS OLIVEIRA. Todos estudavam em Porto Alegre.
Quando necessitávamos de um time mais forte, eles eram convocados e vinham rever a terra, os colegas de time e jogarem. Saiam da capital pelo trem, das 19,00 e chegavam na gare local em torno de 05,30.
Pela tardinha, depois do jogo retornavam a Porto Alegre, numa viagem, que durava uma noite e o dia seguinte..
Com a chegada do progresso o trajeto passou a ser feito pelo ônibus “Pulmann” da Empresa Ouro e Prata, que saia de Porto Alegre pela meia noite e aqui chegava ao clarear do dia.


8 – NAPOLEÃO RODRIGUES DA SILVA




Logo depois da fundação do PALADINO, veio trabalhar em Santa Rosa, como telegrafista dos CORREIOS E TELEGRAFOS, Napoleão Rodrigues da Silva.
Um jovem escriba soube da chegada do craque e que sua estréia seria no domingo seguinte.
Teve curiosidade de saber de quem se tratava, mas não teve êxito em sua procura. Na escalação do time, comentando a partida escreveu o nome do lateral direito, como sendo TELEGRAFISTA.
Veio saber, depois que seu nome era NAPOLEÃO e foi o dono de sua posição, praticamente até quando quis.

9 – FAMILIA DE CRAQUES








Quando me de dei por gente, já não estava em Santa Rosa o jogador “Alma de Gato”, que, graças a seu enorme futebol foi, ainda jovem, para Cruz Alta, jogar pelo Nacional.
Atleta dos mais disputados, somente jogou nessa cidade, também, pelo Guarany.
Não saia de. C. Alta por ser funcionário da previdência social. Um dos seus irmãos – Jaime – seguiu-lhe os passos e, também, ainda jovem se bandeou para Cruz Alta.
Atuou, inclusive em Porto Alegre, no Nacional ou Cruzeiro, ou, em ambos.
Aqui só ficou um, tão bom quanto, Wilson Codinotti, que, por ser militar, sempre preferiu permanecer na terrinha.

10 – NOLY E CHARLES JONNER









No Paladino Futebol Clube, um dos maiores jogadores foi Noly Jonner.
Seu irmão Charles “pintava” bem no segundo time e foi guindado ao principal, segundo uns, graças ao prestigio de Noly.
Depois de um início não tão bom, como costuma acontecer, tornou-se um artilheiro nato e durante vários anos o primeiro entre os goleadores. Além dessa virtude, era velocista e portador de um chute forte e certeiro.
Noly Joner, grande pessoa, sobre a qual já me referi, também tinha uma grande figura na pessoa de sua noiva, Themis Cardoso. Essa, para alegrar o seu noivo, por ocasião da tentativa de ressurgimento do Uruguai, fez para ele uma boina, de linha, com as cores azule branco.
O Uruguai, assim como ressurgiu, teve uma vida efêmera.
Não restou à noiva alternativa a não ser confeccionar nova boina, vermelha e branca, já que seu noivo mudou-se de armas e bagagem para o Paladino.

domingo, agosto 14, 2011

Pela Região

NÃO HÁ CLÁSSICOS COMO ANTIGAMENTE.


Bate uma nostalgia quando lembramos do futebol de nossa região. Para refrescar a memória dos antigos e conhecimento dos novos, vamos viajar um pouco na história do futebol regional. Havia três disputas ferrenhas de clássicos: em Horizontina, o Nacional Futebol Clube e a Sociedade Esportiva Flamengo(1957), disputavam o clássico FLANAL; em Três de Maio, a rivalidade surgiu em 1961, com a fundação do Botafogo Esporte Clube, que disputava com o Oriental Futebol Clube(1925) um dos mais rivalizados clássicos amadores do interior do estado: o BOTAL; em Santa Rosa, mesmo com mais clubes, a rivalidade era mesmo entre o Paladino Futebol Clube(1946) e o Esporte Clube Aliança(1952), o famoso clássico ALPAL. Guardadas as proporções, não era menos eletrizante quanto aquele disputado na Azenha e Menino Deus, na capital. Os estádios se enchiam nas tardes de domingo. Era uma grande festa.


Clássico é clássico, muita rivalidade, é claro, o coração bate mais forte, por vezes alguns mais exaltados. Às vezes confusões dentro e fora do campo. Era clássico. Fazia parte do contexto. Mas, tudo era dominado. O clássico continuava.

                                                                                 
Em pé: Germano Wust (Presidente), Vilson Codinotti (Treinador), Neri Silva, Lauro Fenner, Darci Zoehler (Nique), Julio Andrade, Ernani Kotlinsky, Decio Zoehler, Nino Cappellari, Napoleão Silva e Zeferino Soares ( Diretor ). Agachados: Helmuth, Carlinhos, Paulo Terra, Charles Joner, Nolly Joner e Ney Silva.






 Durante minha vida, residi por duas oportunidades na cidade de Três de Maio. Pela primeira vez, em 1965, quando fui estudar num colégio religioso. Por influencia dos padres, virei torcedor do alvinegro. No velho estádio, onde na época o Bota mandava seus jogos, tínhamos ingresso grátis. O primeiro Botal que assisti foi na Baixada (Estádio Reinoldo Seltzer). Muita gente assistindo. Para o guri que vinha do interior era o máximo. Tudo era novidade. Final: 1 a 1. Ainda bem. Barberinho marcou para o alvi-verde e Flávio empatou na cobrança de pênalti. No final do ano seguinte (1966), voltei para o interior de Dr. Mauricio Cardoso(na época Horizontina), minha terra natal. Em 1973, retornei a Três de Maio, com o objetivo de fazer um curso técnico profissionalizante. Naquele ano, ocorreu a volta da dupla Botal, após algum tempo licenciados. O estádio do Bota ficava uma quadra em frente do colégio em que eu estava interno. Hoje há um outro estádio, o Estrelão, em outro local. Sempre que podia, assistia os jogos. Economizava alguns trocadinhos para isso. Assisti muitas e maravilhosas vitórias do Bota perante seu rival. Mesmo assim, duas derrotas me marcaram. Era um domingo a tarde e chovia muito. Perdemos no próprio estádio, de virada: 2 a 1. Os adversários saíram em desfile pela cidade numa grande comemoração. Outro foi na Baixada, quando o Botafogo ainda no primeiro tempo perdia por 3 a 0. Foi uma grande confusão. A arbitragem não conteve o jogo, o policiamento entrou no gramado e começou agredir todo mundo. O jogo acabou por aí. Foi o clássico da vergonha.





Botafogo x Oriental - disputavam o tradicional clássico BOTAL em Três de Maio.

Mesmo tendo nascido em Horizontina e como morava 30 quilômetros da sede, nunca assisti a um Flanal. Não era tricolor e nem rubro negro. Apenas escutava alguma coisa pela Rádio Vera Cruz. Mas, não tinha muito interesse, não chamava minha atenção. Num domingo de Flanal, estava na casa de uma tia, o clássico estava sendo transmitindo pelo rádio e ela me perguntou para que eu torcia. Respondi que não tinha preferencia. Mas, lembro de atletas do Flamengo como a dupla de meia cancha Perez e Chaffick(advogado e que chegou a ser meu professor no ginásio), de Jaime e do ponteiro Lu. Do Nacional, o goleiro Décio, do zagueiro Bolinha,embora acima do peso para um atleta jogava muito, da dupla de meiocampistas Freda e Loreno, do ponteiro Alipio e de Sérgio, dos irmãos da família Salvador (os atacantes Alcindo e Odilo), que vinham do interior para os jogos.

Concluído o curso e com profissão, em 1976 mudei para Santa Rosa. Já não havia mais o Alpal. Aliança e Paladino, somados ao Juventus e Sepé Tiarajú, havia formado a ASRE-Associação Santa Rosa de Esportes. Foi o fim dos clássicos na cidade. O Alpal, em especial, se originou após o surgimento do Aliança. Grandes investimentos eram feitos pelos dirigentes, com o objetivo de formar equipes fortes e com isso grandes clássicos no Campeonato Citadino. O campeão disputava o Estadual de Amadores. A saudosa Baixada do Pessegueiro, depois o Carlos Denardin, superlotava com as vibrantes torcidas do tricolor e do colorado. Em tarde de clássico, a turma do tricolor se concentrava já pela manhã na Cidade Baixa, onde estava a sede do Aliança. Os vermelhos se reuniam no centro da cidade. No inicio da tarde, com suas bandeiras, em grupos, rumavam para o estádio. Era uma grande festa.




Flamengo x Nacional - Clássico FLANAL em Horizontina

Mas, por essas coisas do futebol... tudo acabou. Não existem mais clássicos na região. Desapareceram. Flamengo, Nacional, Botafogo, Oriental, Aliança, todos licenciados de suas atividades. Apenas está salvo na memória daqueles que viveram, num passado não tão, talvez já distante, de memoráveis batalhas, no bom sentido, é claro. Memórias que não devem ser apagadas da história. Em Santa Rosa, embora afastado do futebol, o Paladino mantém um patrimônio no centro da cidade, com parte dela para fim social. É presidido atualmente por Irineu Donini. Outro que destacamos, é o Senhor Raul Meneguini, do Aliança, embora o clube esteja extinto, mantém em sua casa um memorial do tricolor. Dois abnegados desportistas, comprometidos com a história do nosso futebol. Há pouco tempo, encontrei com os dois e juntos vieram as lembranças e com nostalgia e romantismo nos relataram os acontecimentos daquela que talvez foi a mais bela época do nosso futebol.





Em pé, da esquerda para a direita: Tenente Martins(dirigente), Delfino Kurilo(atleta laureado), Rosalino Rigo(Pinga),Marçal, Alberto Bastos(Tano), Décio Zoehler, Nolly Valle(Sabiá), Darci Zoehler(Nique), Sadi Cappellari(atleta homenageado na ocasião), Diomarte(idem) e o eterno Presidente Francisco Berta. Agachados: Nilo Vargas, Chaquenho(nacionalidade argentina), Fredolino Schultz(Penicilina), Alceu Mallmann e Ramirez(nacionalidade paraguaia).



Aliança x Paladino - famoso clássico ALPAL que agitava o futebol nas tardes de domingo

Com estádios próprios, ainda que licenciados, em Três de Maio a dupla Botal mantêm um belo patrimônio, muito bem preservado. De Horizontina, pouco sobrou. Uma pena para o nosso futebol. Não existe mais clássicos como antigamente. Ficaram na saudade (ou nos registros, se é que existem).