terça-feira, novembro 01, 2011

Fatos & Fotos

PARTE XII

1 – CADARÇO: O DIREITO OU O ESQUERDO?

Em sendo o prof. Paulo Araujo, técnico do Sepé Tiaraju, disputava-se uma partida “encardida” como se dizia.

O Sepé segurava, heroicamente, uma vantagem sobre o adversário.

Quase ao fim da pugna um dos jogadores do Sepé, FRANCO, teve um cadarço de uma das chuteiras rebentado.

Dirigiu-se ao banco, para ser socorrido.

O treinador gritou para QUELÉ, um de seus auxiliares, ou reserva, que calçava chuteiras: - QUELÉ, alcança, rápido, um cadarço que o do FRANCO rebentou!

QUELÉ já de mão nas chuteiras, mais que depressa perguntou: - O direito o ou o esquerdo?


G.E. Sepé Tiarajú de Santa Rosa. Da esquerda para a direita: Joaquim Fagundes (presidente da Liga de futebol). De pé: Miro, Ipiranga, Darci, Ibanês, Alcides, Beninho, Santos. Julio Niunes (árbitro). Agachados:: Alceu, Buzatto, Orestes, Ari e (...).

(Alceu Medeiros)

2 – DOPING NO FUTEBOL DE SANTA ROSA

Com o crescimento do futebol da terra, necessariamente, jogadores de fora foram “contratados!”

Como vinham de centros maiores, traziam na bagagem, os conhecimentos dos avanços da ciência para um melhor desempenho dos atletas.

Assim que, certa feita, os jogadores do Juventus foram orientados a comparecerem numa determinada farmácia para serem “vacinados” antes de jogos importantes.

Felizmente, soube-se que não se tratava de doping, mas, sim de um produto a base de glicose que apenas acumula uma carga maior de energia.



JUVENTUS A.C. – Paulo, Jayme, Ari Diniz, Mello, Ruy, Bircke, Melinho, Carlinhos, Alti Diniz, Carlos Hoffmann e Zezinho.

3 – GERMANO WÜST



Germano Wüst chegou à Santa Rosa, vindo de Santo Ângelo, como preposto da Construtora Medáglia, firma especializada no ramo da construção civil.

Torcedor do Grêmio Santo Angelense, logo se afeiçoou pelo Paladino, passou a fazer parte dos quadros diretivos, chegando logo ao cargo de Presidente.

or suas ligações com o clube de Santo Ângelo estreitaram-se os laços dentre as duas agremiações, que fizeram partidas memoráveis.

Com esse impulso o Paladino tornou-se mais conhecido e respeitado.

Foi o presidente que mais tempo ficou, brilhantemente, no desempenho do encargo.

Desfile Avenida Rio Branco – Praticantes de Tiro ao Prato. Identficados,: Na frente do pelotão: Zeca Seger, Leonisio Grando; segunda fila , Joao Rigon, Titus Birman – Segundo Pelotão: Caçadores.Ao fundo a Banda do Quartel (Evaldo Rippel)

4 – CLUBE GUARANY DE CAÇA E PESCA

Quando de sua fundação, o Clube alugou ou serviu-se de um local para prática de tiro ao alvo e tiro ao prato, numa área de propriedades da família Kroth.cuja entrada era em frente ao portão do atual cemitério,.numa baixada, onde havia as linhas de tiro e um poção para banho junto..

Nas provas de revolver havia poucos competidores. Lembro dos Majores COUTINHO.e WALDIR.

A maioria, praticava o tiro ao prato tendo como expoentes, JOÃO RIGON, JOÃO HOFFMANN, ZECA SEGER, LEONISIO GRANDO, TITUS BIRMANN e outros menos votados, como João Aguirre Araujo, que embora participasse da maioria dos acontecimentos sociais, nunca foi bom de grana.

Os outros, como dispusessem de poder financeiro, “importavam” armas – LASSORDA, TARASQUETA e outras específicas e coletes especiais, com bolsos, para portarem a munição.

Seu Joãozinho Araujo dizia:

– ah se eu tivesse as mesmas armas deles, seria, com certeza, tão bom quanto.




Desfile da Semana da Pátria – TIRO AO ALVO - Em destaque Mauro Schneider e Hugo Dreyer (Acervo: Mauro Eliseu Schneider)

5 – CARROCEIRO STIBE

Numa determinada época, nesta nossa terra, como em todo o mundo houve, escassês de gasolina em virtude da segunda guerra mundial.

A venda era restrita e limitada para os “carrões” que fossem usados em situações de calamidade e saúde pública.

Como a vida da cidade era pacata, não oferecendo muitas opções para se desfrutar de um domingo, havia, em profusão adeptos da caça e da pesca.

Quando o combustível fora liberado serviam-se os caçadores de seus próprios autos e, em comitiva, se mandavam para o campo.

Com o racionamento de gasolina, não desistiram.

Contratavam carroceiros, saindo para a prática do então esporte, na tardinha de sextas feiras, retornando domingo pela meia noite.

Havia um transportador de nome STIBE, que, na sua carroça, transportava os caçadores.

Chegava na casa do freguês e depois de carregada toda a bagagem, dava a voz de partida aos animais que puxavam a carroça.

Chamava-os pelos respectivos nomes e dizia alto e bom som: SEMOS!

Os animais obedeciam e partia-se para mais uma aventura.

6 – CAÇADAS

Caçadores e atiradores do Clube Guarany de Caça e Pesca – dentre outros: João Araujo, João Rigon, Mario Meurer, Titus Birmann, Leonisio Grando, Lourival Garcia, Eugenio Koslowski, Zeca Seger, Egon Rippel (Foto - Evaldo Rippel)

Havia uma família grande, formada por irmãos, cunhados, concunhados e alguns amigos comuns que além de fazerem parte do mesmo “grupo de bolão” e de ensaios musicais, dedicava-se ao esporte da caça de perdizes. A ela se juntou outro parente, caçador de mato e não, de campo. Era, o mais perito nas artes de atirar.

Enquanto os demais companheiros ao voltarem para o acampamento, antes do almoço, tomassem um aperitivo e, depois, fossem sestear o nosso herói alimentava-se, ligeira e frugalmente de um pão com schmier e retornava à faina.

Sem contar que entre eles, alguns, fumavam cigarros de palha e tinham de parar a caçada também, para localizar a palha, picar o fumo, fechar e acender o palheiro, em isqueiros que não funcionavam devido ao vento, ou palitos de fósforo que se apagavam.

Mas era melhor que os avio de fogo, um poronguinho com tecido de camiseta, já queimada, no interior dele.

Obtinha-se a faísca com o atrito entre uma liminha e uma pedra

Por ser bom no tiro, sempre caçava mais que seus parentes e contra-parentes.

Estes diziam: - mas vá ter sorte, na caixa prego, como o SCHMIER!

Sempre caça bem mais do que nós! É um sortudo!

(“A gaita matou a viola, o fósforo matou o isqueiro, a bombacha, o xiripá e a moda, o uso campeiro”)


7 – LINGUAJAR DA TERRA

Estavam em Porto Alegre, "a serviço da repartição" o velhos Zifa e João Aguirre de Araújo (um, dirigente do Paladino e, o outro, do Juventus).

Um calor medonho, e lá pelas 4 da tarde ao passarem num bar na rua da praia resolveram matar a sede. Sentaram à mesa e o seu joão chamou o garçon e pediu..."por favor uma fonte e dois copos", – era assim que se chamava em santa rosa, a água mineralcom gás.

– Passaram-se uns dez minutos e nada! E a minha fonte?

O garçon respondeu:

– Já sai!

E nada! Veio o garçon e disse:

– Eu não entendi os que os senhores pediram!

Ao que o João Araújo respondeu com aquela voz grossa que ele possuia:

– Eu quero é uma água mineral... da Fonte Ijuí rapazzzz!!!*

(Colaboração de Paulo Moacir Soares)

8 – JUIZ COMPRADO, MAIS UMA DO SEU ZIFA.


Naquele domingo aconteceria uma final do citadino, valendo o título. Aliança e Paladino. O juiz do jogo, um militar.

Acontece que ele era viciado na carpeta. Jogava ali na sala de jogos do seu Dante Casagrande (no clube concórdia). Se pelou no carteado!! Por volta das seis e meia da manhã daquele domingo, após sair da carpeta bateu na casa de um alfaiate e de lá para a casa do seu zifa...e o juiz foi direto ao assunto:

– Seu Zifa, me pelei no jogo e ás dez da noite tenho que pegar o pullmam (ônibus da ouro e prata) e gastei até o dinheiro da diária que havia recebido para a viagem.

– Quanto tu precisas para amolecer o jogo pro Paladino, perguntou o velho Zifa?

Disse o árbitro:

– Olha, seu Zifa... Preciso o dinheiro da diária do exército e mais alguma coisa pelo jogo.

Feito o acerto às 16 horas começou o clássico. Passados 30 minutos havia 3 expulsões pro lado do Aliança. E dê-lhe marcação de faltas contra o Aliança!!! O Paladino venceu!!! O juiz saiu cercado pelo pessoal do Paladino. Chegou na rodoviária quando faltava um minuto para ás 22 horas.. Com a "palha" no bolso...

( Colaboração de Paulo Moacir Soares)

9 – CENTRO-AVANTE EM PELE DE GATO

Dia 15 de novembro, de um ano em que a memória não me socorre, estava, com minha mulher, em Santana do Livramento, almoçando, no restaurante do Hotel Brasil-Uruguai, quando chegam Perigoso, Mineiro, Caieira... E mais alguns.

O Paladino, no dia anterior, um domingo, tinha disputado uma pugna futebolística (como se dizia, então) em Quaraí, jogo duríssimo, pelo estadual de amadores. Em Livramento, iriam assistir, à tarde, uma disputa pela 2ª. Divisão (hoje, Série B) do Estadual, entre o Grêmio Santanense (que veste vermelho) e um Clube de Santa Cruz do Sul, parece-me que o Avenida.

Caieira estava interessado por um centro-avante (Vilmar) ainda não profissionalizado, que subira das bases e iria estrear no time da capital do fumo.

Incorporei-me à delegação de paladinenses para ver o atleta e, em segundo plano, o jogo.

O centro-avante prometia, era bom mesmo. Despontava no timinho de Santa Cruz. Caieira, após o jogo, foi falar com ele, acertando, de logo, sua transferência para Santa Rosa, ajustando inclusive os pagamentos de “luvas” (amadorismo marrom, como diriam as más línguas do Juventus e do Aliança).

Na volta do jogo, deparo-me com Leonor encantada ante uma vitrina, cujos manequins exibiam peles e uma “maravilhosa”, de gato montês suíço, legítima, mercadoria que, hoje, só se vê em Montevideo.

Leonor, à minha presença, atreveu-se, entrou e indagou o preço. Como não era ela que iria pagar, achou uma barbada, “teria que comprar de olhos fechados” (e guaiaca aberta).

Ponderei que precisava tempo para pensar. No dia seguinte, pela manhã, daria a resposta. No café da manhã, aparece-me Caieira, com um poncho de bichará recém comprado no El Bagual e expôs-me a situação:

– Doutor, tamos mal. O centro-avante só irá com nóis se receber as luvas, agora, no sufragrante... E vou le confessar : não tenho a grana toda... Não se assuste, mas falta muito...

– Cuê, pucha! Caieira... Isso é quase o preço do passe de Ivo Diogo, que agora foi para o Grêmio.

– Não podemo perder, doutor. Me dá um cheque e lá, em Santa Rosa, nóis acerta com o pessoal, cada um dá um pouco, e ta feito o carreto.

Não titubeei, quero dizer, titubeei, mas cedi, passei o cheque, justo quando Leonor chegava à mesa.

– Bom dia. Negócios a essa hora da manhã?

Caieira, solicitamente, esclareceu:

– Compramos um centro-avante, dona... Não fosse o doutor, aqui, teríamos perdido o craque... Esse é craque, le asseguro!

Leonor, até hoje, está usando as raposas e lontras de sempre, peles de muitos invernos. Gato montês suíço, nem pensar. Vilmar jogou onze meses no Paladino e, depois, foi para o Criciuma, S. Catarina... E nunca mais ouvi falar dele, tampouco de meu dinheiro. Como disse meu cunhado, Charles, também centro-avante do Paladino, de antanho, “um centro-avante, vale mais que um casacão. Ora se vale! Relevando a auto-afirmação, tem razão (embora Leonor deva discordar).

10 – CÉSAR, TAMBEM

Caieira estava jogando conversa fora com o Waldemar Santana, Joel Bragança, Paulo Madeira, Chassi Torto e outros habitues do Café Central, quando Silas o carteiro, com um telegrama:

– Quem é Arthur da Silva Ribas?

– Sou eu, seu criado.

– Estive em sua casa e Da. Elvira disse que o encontraria por aqui...

– E cá estou, para le servir.

– Tenho um telegrama para o senhor.

Caieira tomou o telegrama e apelou:

– Quem é quem caneta, aí? Passa recibo para o moço.

Joel, prontamente, assinou e devolveu o recibo para o carteiro.

Caieira, sem ler, botou o telegrama no bolso da camisa e dirigindo-se ao carteiro:

– Obrigado, moço.

À noite, no programa de esportes, da ZYZ-2, Caieira, entrevistado por Paulo Araújo, explica:

– Hoje, à tarde, recenzinha, recebi um telegrama de Plínio.

– Ué! O Plínio não está concentrado?

– Não. Foi ver a mamãe dele que está adoentada, lá por Catuípe... Não sei se é grave, mas ele telegrafou para dizer que está medindo todos os esforços para vir jogar...

– O Sr. está contando com ele?

– Claro, por que não? Ele é titular, chegará e vai jogar.

– Mas o Sr. não teme que ele possa estar abalado psicologicamente e, então, não renderá com qualidade?

– Bom, eu escalo... Se jogar bem ou mal é com ele... Eu lavo as mãos como César.

– É, César também lavava as mãos - concluiu, com sapiência e espírito, Paulo Araújo.

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